domingo, 13 de novembro de 2011

Ajoelha-te: venha até a mim


Podem dizer que sou uma má pessoa, que sou cheia de desejos insanos, vontades nunca vistas em pessoas sãs; digam o que quiser! Sou o que sou, não sou o que não gosto.
Você é um caso raro de se encontrar, te olho por toda sua volta, farejo esse teu ar de cachorro vagabundo, sinto essa sua atmosfera de quem não presta e não faz por menos. Esse seu olhar de quem é forte, de quem não sai por baixo, eu conheço tudo isso, conheço-te mais do que a ti mesmo. É muito fácil decifrar-te: é alguém oco por dentro, fraquíssimo, e seu erro é que eu sei muito bem como te derrubar.
Você pode tentar enganar a todos, mas a mim não engana! Sinta-se a vontade para ser meu objeto de sadismo requintado da noite.
Vou te prender na cadeira da verdade; vou te apresentar à insanidade, vou te fazer conhecer seus piores medos e ainda vou te dar, de brinde, a percepção de como és vazio. Vai sentir-se tão atordoado por saber que não passa de um nada, mas tenha a certeza de uma coisa: isso é só o começo.
Vou te colocar no lugar de todos os males que fizeste, vai ajoelhar-se em minha frente, suplicar por seu bem-estar, mas: sinto muito... Com desgraças sorriu, com desgraças irá chorar.
Vejo você indo ao seu encontro, surpreendente o modo como seu arrependimento é falso, e como sua petulância é idiota. Não vai me enganar. Na escola que você estuda, eu já fui expulsa.
Vai suplicar a morte para não passar por isso, mas nem a morte tem piedade de ti. Eu não apoio seu suicídio, seu desfalecer carnal, quero é ver tua essência destruída – apenas isso. Quero que olhe no espelho e veja quão apodrecido é, e como tenta ser alguém que nunca vai ser. Quem é bom, nasce com isso.
E para o seu fim, vou te prender na coleira do tempo. Vai se dilacerar de angústia e de deleite. A angústia das lembranças que terá de mim, a pessoa que quebrou o seu paradigma de merda. O deleite de me venerar até o fim do seu tempo.
Vou cuspir-te na cara do mundo, todo esquartejado de seus próprios medos e desfalecido de suas próprias imoralidades.
Me perdoe, mas quebraste a única regra com que convivo...
Para que eu possa me despedir no melhor modo possível, irei rasgar um sorriso em seu rosto, dizendo-te “Porque tão sério? Vamos colocar um sorriso nesse rosto!”. Te darei as costas e desaparecerei, da melhor forma a te deixar confuso.
Sou apenas a sua consciência cansada de você de suas mentiras.