“— Calma, pequena! Calma,
que tudo vai passar! Não toma decisão com a cabeça quente!”
Ele me dizia isso como se fosse fácil. Como se fosse fácil
aguentar meses, dias, horas, todo esse tempo aguentando você. Eu não sei qual
foi a maior desgraça que eu fiz na minha vida pra poder merecer isso que
acontece comigo. E sinceramente me pergunto, eu merecia isso?
Não vou dizer toda a história desde
o início, isso é passado, está lá... Há tantos meses atrás que eu pouco faço
questão de contar. Foi o início de toda minha desgraça. Te olhar nos olhos foi
o início da minha desgraça. Hoje a história é diferente, por isso o início não
convém.
Agora ele me perguntou: “Se hoje a história é diferente, então por
que diabos você está estressadinha?”. Meu melhor amigo me joga questões irrespondíveis.
Estou estressadinha porque... É
um sentimento egoísta. Totalmente egoísta. Eu sou egoísta! Assumo, e não me
orgulho; mas assumir alguma coisa é um grande passo. Eu não queria que você fosse
feliz, só pra descontar as tantas vezes que acabou com o meu dia. É horrível
isso, eu sei, mas é que esse horrível não chega perto do quão mal eu fiquei. Eu
odeio essa nossa “história”! Essa nossa interligação, ai credo.
Tem muitas questões que não dá
pra responder. Como por exemplo, quando perguntam “Mas valeu a pena?”; eu não
sei o que responder. Eu acho que só eu me preocupo com as coisas que valem a
pena na minha vida. Tenho medo de ter, realmente, perdido tempo com nós. Minha vida
é preciosa porque é curta, e eu não faço ideia de quão curta ela pode ser. Por isso
tenho medo de ter desperdiçado cada momento.
Estou de férias de tantas
coisas, e quero férias pra mim, “chega de
me doar, chega de me doer”, como diz um dos meus poetas favoritos. Eu não
me dou mais. Queria não me doar 100%, mas ainda restam 2% que me fazem vir aqui
e escrever algo completamente sem sentido, enquanto meu melhor amigo se
pergunta o porquê da gente ser assim.
Eu encontrei umas três maneiras
de melhorar essa parte da minha vida. Digamos que já tentei milhares de vezes a
primeira, que era não desistir nem abaixar a cabeça no primeiro problema. Vieram
tantos, e eu continuei “firme”. Pulei pra segunda maneira, que era deixar a “Deus
dará!”. Não está dando certo. A terceira é a que eu vou aplicar agora: acabou,
chega, cortinas fechando, por favor, beijos, tchau.
“Minha pequena...” – suplica meu amigo, coitado, quase tão perdido
quanto eu. Sou pequena de tamanho, não de alma. E a melhor saída pra toda minha
confusão é o fim do espetáculo, porque nem mesmo sem sentimentos afetivos dá
pra lidar com você. Ai Jesus, tanta gente nesse mundo e eu fui emperrar logo em
você. Logo eu, tão cheia de princípios, de desregrares, de sins e nãos. Eu, que
por toda minha vida não me deixava cair nessas brincadeiras de gostar de
alguém. Eu que era tão mais feliz!
As verdades sejam ditas: eu sou
difícil de lidar, e você também é. Não sei quem é mais. Acredito que você. Mas,
cá entre nós, você sempre foi displicente comigo; até seus amigos concordam. Até
eu concordo! E assino embaixo. E deixo uma pequena gorjeta. Sua displicência e indiferença
acabaram com algo que iria ser colossal. Cá entre nós, as coisas fluiriam
extremamente bem se não fosse isso.
Se tem alguém aqui para
lamentar, esse alguém é você. Quem saiu perdendo, foi você. Quem acabou com
tudo, foi você. Eu estou na boa, eu não perdi nada; talvez só minha dignidade,
minha pureza, minha calma na alma; mas pra quem tem cabeça boa, isso se
reconstrói.
É. Acredito que agora,
finalmente, a temporada de férias para mim mesma está aberta.
Que a verdade seja dita: meu
melhor amigo, nada mais é minha consciência.
E por favor: querer que você
não me enlouqueça e tampouco me procure, é pedir demais?