terça-feira, 21 de junho de 2011

Neuilly (02/02)


— Eu sei o seu nome, sabia? Ele sorriu. Ficava passando as mãos no suspensório.
— Jura? Sorriu de lado e mostrou a língua.
— Sim! Riu.
— Eu também sei o seu... João!
Riram.
Silêncio...
— Você tem quantos anos?
Ela disse para que ele adivinhasse, então ele disse dezoito. Ela respondeu, Que ousadia! Ele se assustou e se desculpou. Ela riu e disse que estava beirando os 22, ainda. E perguntou a idade dele, ele respondeu rapidamente e sem charadas que era 25.
Riram, silêncio novamente. O bar estava há poucos passos.
Tinha mesas no exterior, mesas de madeira assim como as cadeiras; toalhas brancas com um metro de renda jogado por cima; o interior escuro, com as paredes cheias de retratos antigos e adornos estranhos e engraçados; o bar tinha cerca de correntes, o que deixava-o mais personalizado pela falta de coesão na decoração.
Chegaram e se sentaram em uma mesa perto da porta. Sentaram lado a lado, em uma mesa de quatro lugares. Ficaram em silêncio até a garçonete atendê-los; fizeram seus pedidos (apenas sucos), e se calaram.
— Você mora aqui?
Ele bocejou, fez o estralo com a língua, passou a mão no suspensório e agarrou a manga da blusa.
— Pretendo morar, e você, bonitinha?
— Também... Eu gostei muito dessa cidade! E confesso – riu e abriu um sorriso malicioso, levantando a sobrancelha – estou gostando mais agora!
Ele riu, abaixou a cabeça e a olhou debaixo para cima com um sorriso desenhado.
Pegou um guardanapo que estava em cima da mesa, a caneta do bolso da calça marrom, e escreveu uma frase interrogativa no mesmo; guardou a caneta e passou o papel para ela, com os cotovelos na mesa e uma expressão desafiadora.
Ela pegou o papel, olhou para ele, passou a língua nos lábios, leu, olhou de volta.
— Parece mesmo? Riu.
Ele olhou para os lados, passou a mão nos braços.
— Estou certo?        
— Por que as perguntas?
— Para que eu faça a pergunta principal com mais destreza...
— Faça a pergunta principal, e eu te dou a resposta principal.
Levantou a sobrancelha rapidamente, abriu sorriso de malícia.
Ele pegou de volta o guardanapo, virou o lado escrito para trás, escreveu outra questão. Riu, mordeu o lábio, fez o estalo, passou o papel para ela e agarrou as mangas da camisa.
Ela leu, cerrou os olhos e os fixou nos olhos dele.
Puxaram os lábios para a esquerda.
— Poderia ter perguntado isso antes! Sorriu e piscou.
Levantou, deixou o dinheiro em cima da mesa, olhou para ele e fez sinal com a cabeça. Ele entendeu, fez o mesmo que ela.
Algumas dezenas de passos – o prédio. Algumas dezenas de degraus – o terceiro andar. Um toque no ombro – o primeiro beijo, bem quente. Alguns degraus a mais – o ultimo andar. Última parada – um beijo mais quente, um zíper aberto, lábios no pescoço. A porta aberta – a entrada gloriosa.
Caminharam até a janela.
— Está vendo as horas? Ela perguntou.
Ele disse que “Sim, são quase quatro p.m.”.
Quer ver tudo isso ficar amarelo, inclusive nós dois?
A luz do sol também fica bonita no seu apartamento às cinco?
Fica, e quer saber o por que desse sofá-cama em frente à janela?
Quero!
Ele se aproximou, ajoelharam no sofá, bocas com poucos centímetros de distância.
— Para que o Sol nos ilumine, quando estivermos no limite para a glória.
In the edge of glory...
Ele sussurrou.
Deitou-a no sofá com beijos e carícias.
    In the edge of glory...
Ela fez o estalo com a língua, passou a mão nos braços grossos dele, agarrou a sua manga.
Como o ser humano é cheio de malícias! Ops, quero dizer... manias!

Neuilly (01/02)


Uma rua não muito movimentada; cumprida e que levava diretamente para o centro da cidade; não era larga, repleta de prédios antigos e de seis andares; as paredes dos mesmos todas beges, com as grades das sacadas de um cinza escuro um pouco azulado; usualmente com carros típicos do país estacionados em frente aos barzinhos que haviam nessa rua.
O prédio de número 47 era mais um dos vários prédios beges; mantinha estrutura antiga, aparente do século passado; a porta de entrada pouco larga, de madeira, envernizada e muito brilhante; o interior organizado e moderno, apesar do exterior anoso; as escadas eram de madeira escura, mas havia um elevador para facilitar a vida dos desprovidos no andar.
No último andar, no décimo sexto apartamento, havia vista para o monumento principal da cidade; obtinha iluminação perfeita do Sol nos fins de tarde, nas alvoradas, nos ocasos; tinha um quarto, uma sala, um banheiro e uma cozinha, todos com proporções até que expansivas para um apartamento daquela região semi-central da cidade. Nele moravam duas garotas, duas estudantes; chegaram para fazer curso, mas decidiram prolongar sua estadia; entre elas haviam algumas liberdades além de amizade, mas nada significativo – só em momentos bêbedos.
A morena, chamada Diana e apelidada de D, estava a caminho do apartamento 1, situado no térreo, onde normalmente ocorriam as palestras do curso. Várias cadeiras distribuídas na única sala do ap.; um quadro branco para as anotações imprecisas do palestrante; o chão de madeira desgastada, mostrando implicitamente a idade do hotel ou apenas um charme vintage do construtor; as paredes claras como as paredes-padrão do prédio. O evento estava marcado para ás quatorze horas, o relógio marcava esse horário; as cadeiras vazias foram quase ocupadas, sobrando apenas uma que era o lugar onde D sentou.
Sentou disfarçadamente, querendo encobrir o atraso; o rapaz sentado ao seu lado ficou a fitar seu rosto, até ela olhá-lo e cumprimentá-lo.
— Boa tarde! Ele sussurrou e balançou a cabeça.
— Boa tarde! Respondeu com sorriso.
Ele era forte, tinha ombros largos e braços grossos; os olhos pequenos e castanhos; os lábios finos; o cabelo castanho, bagunçado e arrumado em um topete, com entradas pequenas; tinha cavanhaque e bigode; vestia uma camiseta pólo verde escuro com suspensório listrado marrom/branco; calça de sarja marrom escuro; tênis casual.
Tornou-se difícil prestar atenção no que o palestrante dizia enquanto tinha ao seu lado um homem que à seus olhos era perfeito – e vale ressaltar que para ela avaliar como perfeito qualquer humano de sexo masculino era uma coisa difícil a nível raro. Ele olhava para ela, olhava para as mãos dela que estavam pousadas nas pernas cruzadas, olhava para frente, passava as mãos nos braços. Ela concluiu que isso era um tique (passar as mãos nos braços). Todo momento ele fazia esse movimento; passava as mãos nos braços, no cabelo, na cabeça, nos braços novamente, parecia totalmente inquieto ou insano.
— Mora onde? Ele sussurrou, tombando a cabeça para o lado esquerdo.
— No 16 – olhou para ele de lado, deparou-se com ele á olhando de lado também – e você? Levantou a sobrancelha.
— Moro no 14! Um andar embaixo, não é?
— Sim!
Riram.
Ele repetiu o tique, ela passou a língua nos lábios. Talvez esse seja o tique particular dela, também. Ele também ficava colocando a língua para fora, passando-a rapidamente na boca, ou então fazendo um barulho gostoso de estalo quando a colocava para dentro da boca.
Uma hora e meia de falação nunca é demais com alguém ao lado. A palestra, infelizmente chegou ao fim, mas os dois não. O palestrante anunciou o final, bateram palmas, levantaram, se olharam, sorriram.
— Você tem algum compromisso depois desse? Ele perguntou.
— Não, e você?
— Tenho se você aceitar! Riu e repetiu o tique.
— Dependendo do convite! Levantou a sobrancelha.
Como nós, humanos, somos cheios de manias!
— Poderíamos ir naquele barzinho na esquina...
— Ah sim, vou lá bastante. Eles têm um croissant... Meu Deus!
Riram.
Então vamos?
Vamos sim!
Seguiram para fora do prédio.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Xaveco


Você é tão lindo quanto a escuridão do quarto
Quando está com as luzes apagadas
Você é mais bonito que o vento quando esta quente
E ao invés de trazer frio, traz aconchego
Você é mais bonito que a luz do Sol
Nas pequenas folhas da jabuticabeira
Deixando uma única coisa com vários tons de verde
Você é mais bonito que um batom cor de cereja
Vivo, vermelho, verão, verdadeiro
Você é mais bonito que qualquer palavra que eu encontrei
Que o significado dessas mesmas palavras bonitas
Mais bonito que o sentimento que te sinto

Olha... Você é tão bonito quanto todas minhas poesias
Tão bonito quanto o sorriso de lado de Heath Ledger
Tão amável quanto a voz de Taio Cruz
Desculpe se meu coração bateu forte quando escrevi
Aquele primeiro nome, versos acima
Mas você sabe! Você é mais real para mim que ele
É você quem me abraça, me beija, me tem
É para você que eu escrevo todas essas 850 e tantas letras
É para você que eu mantenho o sorriso, já que disse que o ama
E quer saber?
É você quem eu amo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Qualquer Dor


Procure pelo brilho dos meus olhos
Ele deve estar no meio das coisas
Que você deixou para trás
Procure pela luz do meu sorriso
E ela deve estar no meio das coisas
Que você jogou fora por não serem mais úteis
Para mim, agora e talvez sempre, tanto faz
Se eu te perdi é porque algo de errado eu fiz
Se eu te perdi é porque não te fiz feliz
E você procurou a felicidade em outras vilas
Se eu te perdi é porque não te dei valor
Eu sei que existe outras pessoas nesse mundo
Que te darão mais valor do que eu consegui dar
Para mim, tanto faz se você está aqui ou não
Porque te ter perto para te ver sofrer é tortura
Te ver longe para poder te ver sorrir...
Não passa de tortura, que eu até gosto de ter
Porque eu passaria por qualquer crise, qualquer dor
Só para te ver sorrir!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Acima


Hoje eu sorri quando ouvi você chamar meu nome
Foi engraçado, mas ao mesmo tempo marcante
E o mais legal foi você juntando meu nome ao seu
“Eu e você”
E depois deixando o melhor para o final
“Eu te amo”
“Eu não vivo sem você”
Ah sim!
Senti-me tão acima do chão quanto Taio Cruz
Eu contei os minutos disfarçadamente para essa noite
E espero que continuemos a nos dar bem
Porque eu realmente quero continuar a te ver
E realmente quero você.