quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quando o Amor Se Vai


Eram sete horas. O céu estava escurecendo, a cidade parando. O céu estava alaranjado, com tons de violeta. Estava ventando; um vento que anunciava boas novas e refrescava os jovens corações.
Ela caminhava pelos trilhos de um trem abandonado; o cabelo esvoaçava em seu rosto, atrapalhando sua vista. Estava com um vestido casual, era vermelho. Sapatos com salto baixo preto, e a maquiagem leve. Tinha decidido sair de casa, dar uma volta, espairecer as idéias.
De repente, viu um homem vindo em sua direção. Parecia estar caminhando com o mesmo intuito dela. Estava com uma calça preta, camisa branca com as mangas dobradas até o cotovelo. Cabelo preto, bagunçado pelo vento. As mãos nos bolsos, a cabeça baixa; andava chutando as pedras, vendo até onde conseguiriam ir.
Conforme a distancia diminuía, ela ia reconhecendo o rosto daquele homem.
-- O que faz aqui? Ele perguntou, assim que se aproximaram.
-- Esfriando a cabeça. E você?
-- A mesma coisa.
Estavam encabulados, não conseguiam um olhar para o rosto do outro. Depois de alguns segundos em silencio, ele perguntou:
-- Como estão as coisas para você?
-- Cada vez piores. Mas faço o máximo para não ficar mal, ou para não transparecer isso. E você? – Ela procurou olhar nos olhos dele, e percebeu que não tinham mais o brilho que tivera antes.
-- Estão boas. Consegui levar minha vida para frente, mas meu coração não. Incrível como tudo pode ser curado rapidamente, menos o coração. Menos a perda de um grande amor.
-- Venha, vamos sentar ali – ela apontou para um degrau de cimento, que era de uma estação de trem antiga que agora estava totalmente abandonada e depredada.
Sentaram-se, um ao lado do outro. Ficaram olhando os pássaros, as nuvens, sentindo o vento.
-- Conseguiu esquecer aquela garota? Ela perguntou. Ele olhou para ela com um olhar de estranhamento, duvida.
-- Não.
-- Ela te machucou muito, né?
-- Talvez eu tenha machucado ela mais. Só que tenho que continuar minha vida, sem demonstrar dor nem nada. Depois dela, nunca mais tive alguém. Fico em casa, prefiro não sair. Enquanto tudo isso não se acertar, não vou procurar outra pessoa.
-- Realmente você a machucou demais. Mas suas traições não devem ter sido tão doloridas quanto as palavras e o descaso dela.
-- Queria saber se ela encontrou alguém, se esta solteira, e até mesmo se voltaria comigo.
Ela olhou para ele, analisou suas palavras, e depois de algum tempo respondeu:
-- Ahhh... ela não encontrou ninguém. Por coincidência ou não, ela esta igual a você. Não sei se ela voltaria com você, há muitas coisas a serem acertadas ainda.
Ele colocou a cabeça no meio dos joelhos. Ficou assim por um tempo, enquanto ela deitou no chão. Como faltavam algumas telhas bem onde estavam, ela pode olhar o céu e o que acontecia logo ali.
Ele levantou. Ficou de costas pra ela por alguns segundos, depois se virou e veio em sua direção. Ajoelhou-se aos seus pés.
-- Você encontrou alguém? Esta solteira?
Sem levantar a cabeça, respondeu.
-- Não e não.
Ele abriu suas pernas e ficou sobre ela. As mãos apoiadas no chão, os rostos distantes por poucos centímetros.
-- Se eu te disser que eu não vou mais te trair, que minha vida perdeu o sentido sem você, que eu não sou mais ninguém sem o teu olhar; que todo dia que acordo sinto a falta de ter o seu cheiro no meu corpo. Você voltaria pra mim?
-- Se eu te disser que não, você faria o que?
-- Me levantaria e iria embora.
-- E se eu te dissesse que sim, faria o que?
-- Te daria um beijo.
-- E, se por um acaso, eu te disser que te amo mais que tudo, mas não voltaria pra você, o que faria?
-- Te daria um beijo, me levantaria e iria embora.
-- E se eu te desse um beijo, me levantasse, e fosse embora. Você iria me procurar?
-- Penso que sim.
Ela deitou a cabeça de lado. Pensou um pouco, virou a cabeça e olhou no fundo dos olhos dele. Por um instante, tudo o que eles tinham vivido passou em sua mente como um filme.
-- Eu só te darei uma nova chance porque ninguém ficou sabendo de sua traição. Porque ninguém ficou sabendo o porquê de termos terminado. Só por isso.
-- Mas... você não voltaria comigo porque me ama?
-- Voltaria só para ter alguém para ficar nas horas vagas.
Ela viu o olho dele encher de lagrimas. Seu coração ficou tão apertado que ela pensou que iria sumir.
-- Você acha que eu voltaria com você só por isso? Você acha que eu sofreria tanto assim só porque gosto de passar o tempo com você? Você acha que eu fugiria do seu olhar porque não te amo? Você acha?
-- Não acho mais nada.
Ele iria se levantar, mas ela prendeu as mãos dele. Virou ele para o chão, e ficaram do mesmo modo que estavam antes, mas ela em cima.
-- Eu não gosto de você, nem sou apaixonada por você. Eu te amo, te amo, te amo. Sem você nada tem sentido, nada.
Ela deitou a cabeça no peito dele, assim, tirando as mãos do chão. Passaram alguns minutos assim, com ele acariciando seu cabelo.
Com movimentos mútuos, deram um longo e demorado beijo.
Ele virou, ela deitou no chão. Estavam deitados de lado, mas frente a frente. Com movimentos mútuos, deram um longo e demorado beijo. Os sentimentos ressurgiam como uma forte explosão, tornando tudo sem sentido, menos o que viviam.
Um arrepio percorreu todo o corpo da garota quando ele beijou seu pescoço. As coisas começaram a ficar mais sérias, não conseguiam controlar suas ações. As bocas e as mãos percorriam todo o corpo, um do outro, como se procurassem a prova concreta de que haviam se reconciliado, e que se amavam mais do que imaginavam. Em um instante, fecharam os olhos e viveram uma das melhores sensações que já haviam vivido. Tornaram-se um só. Naquele momento não havia mais duas pessoas se amando, logo em frente de uma estação de trem abandonada; havia um corpo só, apenas uma mente. Apenas um coração. Batendo mais forte do que podia, amando mais do que conseguia. Dois corações machucados, que agora se tornavam um só e esqueciam de todas as moléstias que sofreram.
O amor machucou, fez sofrer, fez chorar; fez esquecer o sentido de se viver. Mas quando ele voltou para onde estava, e como estava, fez crescer, fez viver, fez ser feliz um casal que tanto se amava, e que já estava cansado de sofrer em um mundo sem amor.

2 comentários:

Srat° Bloom Wood disse...

A melhor das melhores , vooc ,amiga voç é muito boa .um lindo conto com o final que todos querem,porem nao é muito dificil alcansalo . muito boom continue assim amr. te amo <3

D. Strabler Kowalski disse...

é, um final que todos querem! eu espero o meu assim WIOEOWUEIOW bgd gabs, te amo <3