terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cocoon (parte 2)

Quando voltou ao seu lugar, ele estava lendo o jornal. Algo de diferente havia acontecido, mas ela não sabia o que era. Se sentou, onde estava antes, olhou para o rosto dele por um tempo, mas ele não tirava os olhos daquelas folhas amareladas.
-- O que você quer? Ele perguntou, sem desviar o olhar.
-- Sinto muito por tudo.
-- Tempo perdido. Ele abaixou o jornal e se virou para ela.
-- O que foi tempo perdido?
-- Todo o tempo que eu passei longe de você – ele colocou as mãos no rosto dela, acariciando aquela pele morena clara, lisa e macia. Olhou no fundo de seus olhos – Você tem certeza que não quer ficar junto de mim?
-- Tenho. Tenho certeza de que não quero ficar longe de você.
Aquela sensação de liberdade voltara. Um fogo se acendeu em seu peito, parecia que o seu sangue se tornara chamas. Não sentia mais as mãos, as pernas, nada; só sentia o cheiro daquele homem que a conquistara. Ela não queria mais viver de estatísticas do passado; hoje era o dia de mudar tudo o que sabia.
Fechou os olhos e sentiu um leve roçar dos lábios daquele homem. Os dois se abraçaram, passaram toda viagem assim: como se fossem um só.
Ao chegar ao destino esperado, desceram e avistaram poucas pessoas na estação. Já era tarde, em volta de oito horas, tudo estava escuro. Saíram da estação e foram procurar algum lugar onde pudessem passar o resto da noite.
Caminhando de mãos dadas nas ruas escuras de paralelepípedos, iluminados apenas pela luz da lua e de suas estrelas, tudo parecia ser perfeito, como nos filmes em que ela assistia.
De repente viram um vulto. Depois, logo outro.
-- O que é isso? Ela perguntou, abraçando com força e medo seu amado.
-- Acalme-se, não deve ser nada.
De repente, ele parou. Sentiu uma coisa cutucar suas costas.
-- Não se mexa! Me passe tudo o que tens, rápido! Um homem de roupa preta e um chapéu que escondia seu rosto disse isso, encostando a arma nas costas dele.
Outro homem, do mesmo jeito que o outro ladrão, agarrou a moça. Começou a mexer em seus cabelos, cheirar seu cangote. Encostou-a na parede, tirou seu chapéu, e começou a puxar seu vestido.
Seu amante, quando viu essa cena, gritou para que parasse; e num ato impensado, saiu correndo em direção ao ladrão.
-- Não! Um grito ensurdecedor a garota deu.
Um barulho imenso foi ouvido. Um corpo cai no chão.
-- Não me deixe, meu amor, não me deixe! Ela chorava, ajoelhada ao cadáver – Me mate também, por favor, me mate! Não tenho mais razões para continuar aqui! Por favor!
Os ladrões jogaram a arma no chão e saíram correndo, sem levar nada. Ela engatinhou até a arma, e deu um tiro em seu peito. Engatinhou de volta ao seu amado, deitou em seu peito, e proclamou suas ultimas palavras:
-- Vou ser sua sombra – deu uma pausa, respirou e continuou – onde estiver... estarei... atrás.

2 comentários:

Srat° Bloom Wood disse...

emoçaos a miil lendo esse blog uma surpresa atras da outra.ah surpresa é pela lareza com que escreve seus contos.agora numca tive duvidas de seu talento. te amoo <3

Felipe Santos disse...

linduuu, linduuuuu!!!ke emoçaum, tenhu uma miguxa escritora...kk
te amuuu vc mora akiii oo----s2----