quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Se o mundo for acabar amanhã...


Se o fim do mundo for amanhã, não vou ter me arrependido de tudo que me arrependo hoje. Não iria me arrepender de ter passado grande parte da minha vida estudando – era/é minha obrigação estudar, se eu quisesse/quiser um futuro melhor. E eu queria/quero.
Não teria arrependimentos do que fiz no passado, eu já não me lembro do que fiz ontem ou há dez anos atrás. Não me arrependeria de ter me destruído e a outras pessoas, se eu fiz era porque eu tive vontade de fazer; não sou obrigada a ser polida 48 horas por dia – NÃO SOU.
Particularmente, não tenho nada contra o mundo acabar amanhã. Acredito que a linha do tempo da humanidade é tão mesquinha e ignorante que um recomeço não cairia mal. Acredito também que o mundo está perdido, e só daqui uns 100 anos as coisas vão começar a se acertar; ele não está perdido porque os recursos naturais estão por um fio, está perdido por todas as coisas ruins que acontecem, tanta gente passando fome e tanta gente com comida de sobra, tanta gente sem dinheiro para comprar um par de meias e tanta gente que não tem noção da quantia que tem guardada no banco, tanta gente talentosa sem reconhecimento e tanta gente ignorante no lugar desses. Está tudo um desastre, um desequilíbrio, uma desacreditação (risos).
Se o fim do mundo fosse amanhã... Estaria satisfeita com tudo o que eu fiz (ou deixei de fazer).  Minha vida foi cheia de coisas que eu gostei de fazer, mas gostei só depois de muito tempo depois de ter feito; e cheia de pessoas que gostei de conhecer, porque eram tão podres que deixaram muitas lições do que não ser para mim; e cheias de amores irrealizados, que me deixaram a verdade: não espere nada de ninguém; e tantas coisas sem compromisso que me trouxeram tantos feelings e tantos momentos prazerosos, me mostraram que não é preciso seriedade e nem bagunça para ser feliz.
Tem algumas coisas que gostaria de ter feito. Gostaria de ter colocado os pés para fora da cidade, com mala nas mãos, vaga em uma universidade pública e ao som de A-ha – Take On Me; gostaria de ter ido para o estado vizinho, encontrado meu lindíssimo e passar um fim de semana regado a Pop, balada, luzes, bebida e felicidade; gostaria de ter publicado os meus livros; gostaria de ter feito de tudo para meus pais, e de ter dito “Eu te amo” uma vez mais; gostaria de ter ido à Paris, encontrado meu lindo francês e realizar meus sonhos parisienses; gostaria de ter ido à Melbourne, fazer cone-ing no drive-thru, entre outros.  Mas mesmo com tudo acabado e meus desejos não realizados, não vejo mal no fim do mundo.
Talvez minha posição sobre a morte seja errada ou radical demais. Mas é isso.
Fiz muita coisa louca, talvez não as mais loucas para o mundo, mas as mais loucas para mim. Me diverti muito, chorei mais ou menos, sofri bastante, amei o quanto eu podia amar, aprendi o que pude aprender, fui vilã, fui mocinha, fui todos os personagens que eu poderia ser. Fui eu! Vivi minha vida, me decepcionei muito, desacreditei, encontrei minha fortaleza, conheci outros mundos, cometi altos erros, e acertei as vezes que pude acertar. Fui eu! Conheci pessoas por acaso que se tornaram grandes polos para mim, me trouxeram novos sentimentos e novos segredos. Fui eu hoje e apenas hoje, porque o ontem e o amanhã não me pertencem.

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